segunda-feira, 25 de maio de 2009

Miscelânia mais ou menos cultural

Só pra variar vou escrever sobre algo não muito técnico. Depois do fim do semestre eu fiquei um tempo de bobeira lá em Ithaca e depois vim aqui pro Rio. O tempo de bobeira em Ithaca, mais todo o tempo perdido nos aeroportos fizeram com que eu tivesse tempo de colocar em dia (ok, colocar em dia é muita bondade) a leitura, filmes e seriados. Acho que um bom post de férias seria falar sobre algumas coisas legais que andei lendo e vendo.


Pra começar terminei hoje o ótimo romance Relato de um Certo Oriente de Milton Hatoum. Gostei bastante dele o que não foi muita surpresa, pois já tinha gostado muito de Dois Irmão do mesmo autor. Sempre gostei de romances contando grande histórias familiares e de histórias que se passam em lugares exóticos. O que é exótico aqui não é Manaus ou o Líbano mas essa mistura interessante que define os personagens. O modo de contar do "Relato de um Certo Oriente" é bem interessante: cada capítulo é a narrativa pessoal de um personagem diferente (e é complicado, mas também divertido, saber quem está narrando em cada momento). E isso traz um tom meio misterioso (diáfano?) - funciona como um jogo de memória, onde partes da história são ocultas de um ou outro narrador e você só consegue reconstruir (ou não) as coisas a partir do todo. É como ouvir histórias dos seus parentes mais velhos.

Achei que foi uma ótima escolha para ler. O problema de ler pouco literatura (como eu leio hoje em dia, acho q uns 2 ou 3 livros não-técnicos por semestre no máximo) é você acabar escolhendo coisas que você acha que vai gostar e não explorar coisas bem diferentes. Mas volta e meia ainda me surpreendo: na viagem que eu fiz pro Brasil em dezembro do ano passado eu comprei um romando policial no aeroporto do qual eu lembrava vagamente de uma critica do NYT: The Girl with the Dragon Tatoo. Romances policiais são excelentes pra se ler no avião, mas confesso que eu sou meio chato pra romances policiais. Quando eu era criança/adolescente eu devorei toda a coleção Sherlock Holmes e Agatha Christie. O que me deixou por algum tempo meio enfastiado de policiais e fez com que eu achasse a maioria meio chato logo depois disso. Até reler esses antigos não me traz a mesma sensação. Mas o "The Girl..." conseguiu me deixar surpreso. Ele tornou minhas várias horas na classe econômica da Delta incrivelmente agradáveis (e tensas). Ele é bem ágil e, como os americanos gostam de dizer, unputdownable.

Quanto às série eu consegui ver até o final a 5a temporada de LOST e comecei a ver alguns dos antigos episódios de Star Trek. Gostei muito do filme e agora entendo porque as pessoas mais velhas (ok, retiro os mais velhas e substituo por, as pessoas que viveram nas décadas de 60-80) gostam tanto dele. Eu gosto muito de The Big Bang Theory e vendo Star Trek eu peguei várias referências no sentido contrário, i.e., vi referências de StarTrek pra BBT, quando na verdade eram referências de BBT pra Star Trek. Estou me divertindo muito vendo a Série Original do Cap Kirk e do Mr Spock.


Vi também o filme baseado no romance do Dan Brown - Anjos e Demonios. Eu me surpreendi porque fui esperando muito pouco. A crítica estava ruim e o pouco que eu li dele não me agradou assim tanto, mas até que o filme foi bem divertido - as locações em Roma são ótimas. De fato é tudo um rocambole, mas até que diverte. Eu não sei quanto humor o Dan Brown tinha em mente quando escreveu esses livros, mas um romance bem irônico e interessante sobre essas lendas místicas medievais, sociedades secretas, e congeneres é o Pendulo de Foucault do Umberto Eco. Em certo sentido, os romances do Dan Brown são versões mais light, vulgares e com menos ironia desse (mas ao mesmo tempo mais agéis e fáceis de ler). Eu nunca consegui chegar ao fim do "Pendulo..." mas ele instigou minha curiosidade de certa forma, o que me levou a perder certo tempo na Wikipedia lendo sobre templários, rosa-cruzes, e outros artigos do gênero. Pelo menos me foi útil quando eu visitei no início desse ano a Quinta da Regaleira em Sintra. Esses romances me lembram que é divertido pegar alguns fatos históricos e criar em cima fatos fantasiosos com um certo ar de mistério - me parece um exercício legal.

Terminando o post longo: sempre que eu volto ao Rio de Janeiro eu me surpreendo: acho a orla de Copacabana cada vez mais bonita, as manhãs na Lagoa cada vez mais agradáveis e o clima mais hospitaleiro.