quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Pensamento randomico sobre o doutorado

... ou sobre a vida de forma geral. Eu nunca consegui responder de forma precisa se o ideal eh ter objetivos claros e definidos ou ser aberto a possibilidades e tentar coisas novas. Nao ficar estreito demais, mas nao se perder em varias coisas rasas. Mas a pergunta principal eh: como fazer para "walk long enough" ? De toda forma, nao sei se eh isso que o Gato de Cheshire estava tentando dizer, mas eis um pequeno texto:

Alice: Would you tell me, please, which way I ought to go from here?
The Cat: That depends a good deal on where you want to get to
Alice: I don't much care where.
The Cat: Then it doesn't much matter which way you go.
Alice: …so long as I get somewhere.
The Cat: Oh, you're sure to do that, if only you walk long enough.



Recebi hoje minha copia de LOGICOMIX - An Epic Search for Truth e eh incrivelmente delicioso, pelo menos a primeira metade que eu li hoje. Jah falando do Papadimitriou, isso me lembra que eu gostei muito da introducao da tese do Costis ainda sobre esse assunto:

Christos once told me that I should think of my Ph.D. research as a walk through a field of exotic flowers. “You should not focus on the finish line, but enjoy the journey. And, in the end, you’ll have pollen from all sorts of different flowers on your clothes.”

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Corcovado



Outro dia fui a um restaurante (uma refeicao memoravel, diga-se de passagem, mas isso eh o assunto pra outro post), e lah estava tocando uma versao em ingles de Corcovado. Eu nao sou uma pessoa muito musical, mas algumas musicas me deixam particularmente com saudade do Brasil. Aih vai uma pequena lista, comecando com Corcovado:
  • Corcovado: eh uma musica do Tom Jobim e tem varias versoes em ingles. Eu gosto particularmente da versao (em portugues, claro) cantada pela Nara Leao
  • Samba do Aviao, tambem do Tom. O Samba de Orly do Chico e do Vinicius tem um efeito semelhante.
  • Outono no Rio, Ed Motta
  • Inverno, Adriana Calcanhotto. Por alguma razao eu acho que o "inverno no Leblon eh quase glacial" bem tocante. E esse verso em particular me lembra muito do Rio e por isso a musica entra nessa lista
Basicamente. Devem ter outras, mas essas que me ocorrem agora. Se vc lembrar mais alguma, por favor, deixe lah nos comentarios. Eu resolvi escrever isos porque o frio estah chegando e com isso a hora de renovar o que estah no meu iPod. Explico: essa semana a temperatura jah tah negativa, aih andar de bicicleta fica complicado e faz meu caminho pra faculdade demorar 20 min ao inves de 5 ou 6. O bom disso eh que eu comeco a minha manha ouvindo alguma coisa, em geral sao audiobooks. Eu tenho aprendido bastante coisa. Como coisas tecnicas sao complicadas de ouvir no caminho (e sempre vem aquela tentacao de parar no meio do caminho e comecar a rabiscar umas contas num papel) eu acabo preferindo baixar aulas de materias de humanas do Academic Earth pra ficar ouvindo. Basicamente eu baixei essa (que jah ouvi metade e eh excelente, recomendo fortemente), essa (que parece bem interessante mas eu soh vi a primeira aula) e essa (que eu tb soh ouvi a primeira aula, mas tava muito bem recomendada no blog do Mitzenmacher). De toda forma, eu deixo umas musicas pra ouvir as vezes. Bossa Nova e MPB ainda conseguem me conquistar um pouco e eu acabo me divertindo.

Em tempo: eu nao coloquei varias outras musicas como a famosa Aquarela do Brasil, Cancao do Expedicionario, ... que sao bem bonitas e me lembram o Brasil porque me tocam menos em certo sentido que as outras - embora me tragam recordacoes boas, como essa ultima (e as outras marchinhas militares, que por mais que as pessoas falem, tem um sentimento romantico bonito).

Ah, tambem estou em busca de bons audiobooks e lectures em mp3 pra ficar ouvindo. Estou numa epoca que preciso de recomendacoes.

sábado, 17 de outubro de 2009

Do Aleph ao Tav

O meu roommate me disse outro dia que eu sou a unica pessoa que ele conhece que tem um hobby por semana. Realmente, pensando nas coisas que eu tenho estado interessado nos ultimos tempos, isso ateh que faz sentido. Lendo esse blog eu pensei que fazer Origami seria divertido, mais particularmente Origami modular, que eh uma forma de Origami mais geometrica. O primeiro que eu fiz foi um do tipo Intersecting Planes, mas logo eu consegui o livro da Tomoko Fuse (a grande expoente do Origami Modular), e comecei a tentar com designs mais complicados (nem todos muito bem sucedidos). As minhas primeiras brincadeiras resultaram:

Mas logo minhas estante comecou a ficar mais cheia de Origami e eles comecaram a compartilhar o espaco com o meu hobby anterior: puzzles. Ano passado eu passei uma epoca entretido tentando aprender a resolver o Rubik Cube. Acabei aprendendo parte gracas a um amigo meu e parte gracas ao YouTube. Logo depois comecei a ler sobre um curso de Stanford sobre a algebras dos cubos de Rubik. Pouco tempo, eu migrei pra outros puzzles combinatorios e qualquer tipo de puzzle de madeira ou metal que envolve Entangle/Desentangle pecas. Como por exemplos, os varios puzzles da Hanayama e os diversos brinquedos inspirados nos designs do Nob Yoshigahara. Outra fonte sao os varios brinquedos do ThinkGeek. O ponto alto talvez foi na minha visita a Berkeley no meio desse ano, eu descobri um loja soh de puzzles do lado da principal estacao de metro de Berkeley. Ainda bem que nao estudo lah e assim eu nao gasto todo o meu dinheiro (e tempo) com esses brinquedinhos. Mas eh tentador. Soh de curiosidade, uma foto da minha estante (com direito a uma Japanese Puzzle Box no canto):


Ok, mas ainda passei por mais uma serie de hobbies. O meu proximo foi um revival das minhas tentativas anteriores de aprender a desenhar. Meu irmao sempre foi um excelente desenhista, e eu nao sabia desenhar mais do que bonecos palitinho (e ainda assim muito mal e soh quando eu ainda usava UML). Algum tempo no passado, eu pedi a Maria Clara que me ensinasse a desenhar e ela comecou a me mostrar como desenhar os meus quadrinhos preferidos - o TinTin. Eu lembro que na epoca foi muito divertido e eu lembro que gostei bastante, mas por alguma razao parei. Alguns meses atras eu tive vontade de retomar e comecei a procurar tutoriais na internet que ensinassem algo de desenho pra pessoas assim como eu e achei alguns. Aih eu brinquei de esbocar algumas coisas, como:

Uma coisa que sempre me surpreendeu eh como desenho eh uma atividade esturturada: pelo menos nos tutoriais, eles sempre ensinavam como criar toda a estrutura do corpo do personagem, desenhar por cima e ir adaptando os detalhes em varias fases. Acho que isso se aplica a todas as atividades da vida: quando vemos um bom livro, achamos que o autor eh incrivelmente criativo e que ele sentou um dia e escreveu aquelas coisas direto, quando na verdade isso eh um resultado de um trabalho duro de criacao de personagens, de escrever e re-escrever varios trechos. As obras realmente excelentes acho que sao trabalhos onde as coisas sao lapidadas como diamantes pouco a pouco. Isso me lembra uma tech talk do Randall Munroe do excelente xkcd em que ele dizia que as vezes passava horas desenhando as comics para conseguir os resultados que ele queria. Penso que pesquisa cientifica deve ser algo assim tambem: na verdade as grandes ideias nao sao resultado de grandes sacadas geniais do nada (ok, talvez as vezes sejam), mas acho que sao produto de longos periodos (aparentemente infrutiferos) pensando e construindo intuicao sobre os problemas e repensando e reburilando as ideias antigas. De toda forma, a maneira certa de fazer pesquisa ainda eh a grande questao em aberto da academia. Mas antes de passar para o meu proximo hobby, minha tentativa de desenhar o Professeur Tournesol no meu computador:


Mas isso me faz chegar a minha mais recente diversao. Daqui a um ano mais ou menos eu devo passar um semestre numa universidade em Israel - eh um dos grandes centros de Teoria Algoritmica dos Jogos e deve ser uma excelente oportunidade pra mim de conviver com uma realidade bem diferente tanto do Brasil quanto aqui dos Estados Unidos. Minha ideia foi entao comecar a aprender hebraico. Comprei alguns livros pela internet e comecei a estudar sozinho (aqui em Cornell nao oferecem o curso de Elementary Hebrew I no semestre que vem) entao a saida eh eu comecar a estudar por mim proprio. Hebraico logo de cara esbarra numa dificuldade basica - aprender um novo alfabeto. E por aih eu comecei: na verdade, ainda nao comecei a estudar a lingua propriamente dita, mas tenho um pouco a cada dia me dedicado a exercicios de caligrafia e a pronunciar as palavras cujo significado eu desconheco. O bom do hebraico eh que eh uma lingua fonetica, diferentemente do ingles, onde o som eh determinado exclusivamente pelas letras:


Acima sao as letras que eu jah aprendi ateh agora (em ordem alfabetica e desenhadas por uma pessoa que comecou a aprender essa semana). O alfabeto hebraico (ou melhor, o alephbet) contem 22 letras, todas consoantes. As vogais nao aparecem no texto, elas sao implicitas. Na verdade, acho que as vogais nao importam muito - ela sao faladas, mas o sentido mesmo da palavra vem das consoantes.

Estudar hebraico estah sendo bem divertido por varias razoes: eu sempre quis aprender uma lingua com um alfabeto diferente, como chines e russo. Mas nunca prossegui nesse projeto, acho que por falta de uma motivacao mais forte. Agora, indo pra Israel por seis meses parece uma motivacao boa o suficiente (na verdade, ok, quase todo mundo fala ingles em Israel, eu acho, mas mesmo assim acho que vai ser bem util). Escrever num alfabeto diferente me parece algo como escrever num codigo secreto ou algo assim.

O alfabeto hebraico (o alephbet) eh mais interessante ainda, afinal, alem de ser a lingua sagrada (de alguma forma) - as letras tem historias interessantes associadas a ela. Por exemplo, o Aleph eh a primeira letra do alfabeto. Indo pro link da Wikipedia, voce pode ver varias coisas interessantes - por exemplo, o Aleph tem a virtude de ser a mais humilde das letras, pois nao demandou comecar a Biblia, o texto sagrado. A Biblia em hebraico comeca em Bet, a segunda letra. Ainda assim, o Aleph tem a gloria de comecar os 10 Mandamentos.

O Aleph estah tambem muito presenta na cultura popular e na literatura de uma forma geral. Um bom exemplo eh o famoso conto de Jorge Luis Borges chamado "O Aleph". Recomendo bastante - eu nunca tinha lido (acho que nunca cheguei a ler Ficciones ateh o final) - mas voltei nele e fui ler lembrando da referencia. Me interessei pela literatura fantastica de Borges por causa de um livro do Verissimo, chamado Borges e os Orangotangos Eternos. - um romance policial envolvendo Jorge Luis Borges (e todos os misterios presentes na sua obra). Um dos livros que eu mais gosto de Borges eh um livro bem frivolo, na verdade, que se chamado "Dez Problemas para Dom Isidro Parodi", publicado na verdade sob o pseudonimo de H Bustos Domecq. Parodi, do titulo, eh realmente uma parodia das historias do detetive classico - mas com a perspectiva invertida em alguns aspectos. A elegancia e o misterio tipico de Borges aparece aqui em historias mais simples e detetivescas, mas ainda assim carregadas de um ar bem exotico - ilustrado pelas situacoes bem inusitadas onde os crimes ocorrem, e, pela situacao inusitada do proprio detetive.