terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Alguns filmes, livros e videos

Eu vi recentemente dois otimos filmes alemaes: o primeiro de maneira mais ou menos acidental: Kirschblüten - Hanami, que assisti porque nao consegui ingressos pra ver Abracos Partidos. Depois descobri que era o filme que tinha o melhor rating pelo menos na lista da Veja e que estava sendo muito bem comentado em todo lugar. Eh um filme muito bonito sobre a saudade e a lembranca. E de fato, se voce tem parentes mais velhos, o filme trata de uma serie de conflitos familiares com os quais voce vai se identificar. O filme fala da distancia (em varios sentidos: geografica, entre geracoes, ...) dentro da familia. Eh uma historia triste, mas muito bonita, se passando entre a Alemanha e o Japao. De fato, o filme tem duas fases - uma em cada pais e cada uma eh encantadora a sua maneira.




O outro filme alemao que vi recentemente eh um pouco mais antigo e se chama Die Welle (The Wave) e ele explora de uma maneira bem diferente o tema mais recorrente dos alemaes: o nazismo. Tendo estuda em uma escola alema, eu jah me cansei de todos os possiveis approaches desse tema - mas Die Welle eh realmente otimo. Na verdade ele nao eh sobre nazismo em si, mas sobre regimes autoritarios e controle de massas de uma forma geral. O filme comeca assim: um professor, que queria estar conduzindo um seminario sobre anarquia, eh obrigado a dar o seminario do tema exatamente oposto: autocracia - o governo de uma pessoa ou de uma elite (uma ditadura). Meio a contragosto, ela vai lah dar a aula e comeca pedindo que os alunos definam o que eh autocracia e deem exemplos. O exemplo natural eh "o Terceiro Reich" e um dos alunos comenta: "Por que a gente tem que voltar nisso o tempo todo? Isso eh um tema superado." E outro diz: "na Alemanha de hoje, isso nao seria mais possivel. Todos jah sao muito conscientes para que isso se repita." Como prova de conceito, o professor comeca a conduzir um experimento em sala criando naquela turma as bases de um sistema autoritario. Durante aquele curso, ele usa uma serie de taticas pra criar um culto a personalidade do proprio professor, um movimento - Die Welle, que tem uniforme, uma saudacao tipica, regras, ... - no qual os alunos estao muito felizes em estar participando. E isso escala para proporcoes fora do que ele inicialmente esperava. O filme eh excelente e eh uma demonstracao clara de como sao formadas ditaduras, gangues criminosas, porque as pessoas se envolvem com drogas, ... - tudo eh tracado as mesmas necessidades nao satisfeitas de uma certa forma.

Vi outros filmes bons: Abracos Partidos do Almodovar que jah mencionei, por exemplo. Eu tinha visto jah dois filmes dele: Volver e Hable con ella. Os dois excelentes e isso abriu meu apetite. Tambem vi Avatar e Sherlock Holmes no cinema, dos quais gostei muito. Achei q a segunda parte de Avatar podia ser bem encolhida (eu gostei muito da primeira parte, mas tenho muito pouca paciencia pra batalhas longas como a da segunda parte). Sherlock eh legal e mistura acao e historia na dose certa. Ouvi dizer que fizeram nesse filme com Sherlock Holmes o que fizeram no ultimo filme de Star Trek - adicionaram mais acao do que eh costumeiro, mas nao ao ponto de descaracterizar. Concordo.

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Livros dessas ferias: comecei o meu Winter Break (verao aqui no Brasil, ainda bem) lendo Banker to the Poor, sobre a vida do Muhammad Yunus e sua luta pra erradicar a pobreza em Bangladesh. Eh um dos livros que me enche de esperanca sobre o futuro do mundo. De fato, acho que ele merece um blog-post soh pra ele, e eu estou planejando fazer isso no futuro. A nova ideia aqui eh erradicar a pobreza nao atraves de caridade, mas de social business - o microcredito nao dah dinheiro aos pobres, mas empresta a taxas muito baixas e cria uma serie de incentivos para liberar o poder empreendedor deles - de forma que eles possam se desenvolver e pagar os emprestimos de volta.  O fato de ter que pagar de ter que pagar de volta os emprestimos leva eles a nao se acomodarem e usarem o dinheiro de forma produtiva. Melhor que eu explicar eh ele mesmo explicar: recomendo muito a tech talk dele no YouTube. Na verdade, depois de ver ela eh que eu tive vontade de ler o livro.

Depois disso eu li o terceiro volume da serie Milenium, que foi jah publicado no Brasil mas nao nos EUA (e eu nao entendo o por que disso). Depois eu li o Antropologo de Marte - um livro do neurologista ingles Oliver Sacks. Cada um capitulo contem casos medicos curiosos - como o pintor que sofre um acidente e deixa de enxergar cores ou a mulher que nao pode compreender sentimentos humanos mas eh uma grande especialista em comportamento animal - e discussoes sobre o cerebro humano e nossa maneira de agir. De certa forma a pergunta principal eh: como esses casos medicos - que reprsentam situacoes expremas - podem jogar uma luz sobre quem somos e nossa maneira de se comportar. Depois de ler esse livro eu pensei que se eu nao fosse um engenheiro/matematico/economista/... nem nenhuma math-related subject, eu gostaria de ser neurologista. Se vc quer abrir seu apetite, tem um talk otima do Oliver Sacks no TED:



Alias, eu tenho assistido muitos videos no TED. Recomendo muito o site. Alguns que eu gosto em particular sao:
A minha experiencia eh que quase todas as talks que eu vejo no TED eu gosto, entao eh bem seguro ir ateh o site, buscar pelos seus interesses e ver alguma delas. Sao todas bem curtinhas - 15 a 20 min e sao otimas pra ver nos intervalos de alguma coisa - quando vc estah cansado desse ou daquele projeto e quer ver alguma coisa divertida e interessante na pausa. Por exemplo, duas talks sobre criatividade que sao interessantes:
A primeira eh especialmente interessante pois eh sobre algo que cientistas e artistas passam de uma forma mais ou menos semelhante.  A segunda traz lembrancas (nao muito boas) dos tempos de escola.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Arte


Estou atualmente num quest sobre o poster certo pra colocar na parede do meu escritorio e nao, isso nao eh uma tarefa facil. Eu jah estou quase decidido, mas achei que seria legal falar sobre o que ander pensando. No meu quarto no Rio de Janeiro eu tenho varios posters do Escher. Para ser mais preciso: The Waterfall, The Belvedere, Day and Night e meu preferido Ascending and Descending (que depois que eu sai de casa acabou indo parar na parede da sala). Meu primeiro instinto foi colocar Ascending and Descending tambem na parede do meu escritorio. E de fato ainda penso em fazer isso.



 Mas monocromatico demais - e de fato eu tenho espaco pra dois posters. Na verdade, eu jah tenho um quadro que comprei na Feira de Arte da Praca General Osorio. Tem um cara lah que faz uma otimas aquarelas do Rio - e resolvi levar uma delas pra colocar lah. Acabou que nao conseguindo prender ele e tirei um pedacao da pintura da parede. Entao acabei colocando ele apoiado na mesa e sobrou um grande pedaco de parede (que de fato eu tenho que cobrir - jah a algum tempo - com alguma coisa). A conclusao eh que ha espaco de parede para mais alguma coisa e eu pensei em algum dos posters de um japones chamado Utagawa Hiroshige. Eu conheci os posters desse cara em um paper que eu li de computacao grafica e fiquei impressionado com as cores e simplicidade das gravuras. Esse cara chegou a influenciar Van Gogh ao ponto dele fazer quadros que eram claras homenagens ao trabalho do Hiroshige. Por exemplo, o seguinte par de quadros, o da direita eh a homenagem do Van Gogh:




Eu estou basicamente em duvida em relacao a essas duas em seguida pra colocar do lado do Ascending e Descending no office:




que sao respectivamente "Drum Bridge At Meguro" e "Wave Off Satta Coast". A paisagem de inverno talvez seja bem mais apropriada para o clima de Ithaca, mas pela mesma razao talvez seja bom ficar olhando para uma paisagem de verao com o Monte Fuji atras. (Alias, falando em Monte Fuji, essa semana eu vi o filme Kirschblüten - Hanami e eh excelente. Recomendo muito. Fui bem sem querer e me impressionei muito.) Mas acho que eu estou certo de colocar um par: o Ascending and Descending e um dos quadros acima.

Falando em arte, eu passei uma semana em NYC antes de voltar ao Rio e pela primeira vez eu fui ao MOMA. Eu jah tinha ido no MET e no meu preferido, o Museu de Historia Natural, mas eu tinha negligenciado o MOMA por achar que eu nao gosto de Arte Moderna. E de fato minhas experiencias com museus na Europa me diziam isso. Achei o Centre George Pompidou um dos piores museus que eu jah visitei - uma grande perda de tempo em Paris. Mas o MOMA foi diferente. O que eu encontrei lah foi diferente do que eu esperava.




Em vez de coisas tipo Duchamps, havia coisas como pop-art, Bauhaus, quadrinhos/cinema, ... Tinham excelentes gravuras do Andy Warhol e ateh Van Gogh, Picasso e Kandinsky. Eu tenho uma idea que arte tem que ser antes de tudo decorativa e a varias pessoas certamente descordam de mim. Alguns vao dizer que o importante eh a mensagem: eu concordo, mas os espectadores tem que ser antes convidados a admirar (seja pelo belo ou pelo grotesco) mas a gostar, se sentir atraido, ... para depois entender a mensagem. O mesmo acredito para livros, concordo que livros profundos sao importantes, mas acho que eles tem que divertir. Ninguem vai ler obras profundas soh por isso. Se elas demandarem varios litros de suor por pagina, como eh esperado que alguem leia tudo e pegue a mensagem. Isso vale ateh pra textos cientificos - o leitor tem que ser atraido e se sentir bem em ler aquilo. Nesse sentido, esses artistas todos que mencionei fazem um otimo trabalho - sem deixar de ser inovadores e transmitir mensagens importantes.

Mas voltando ao MOMA, eu gostei particularmente das duas exposicoes itinerantes. Uma delas era sobre a obra do Tim Burton, que, diferente de como eu pensava, nao tem soh filmes e livros, mas tambem quadros, gravuras e outros tipos de arte. Grande parte eh voltada para o cinema e para ilustrar os personagens dele.  A outra exposicao era sobre o Bauhaus - um estilo alemao voltado pra arquitetura e pro design. Haviam quadros e gravuras tambem, mas o grande foco era uma arte utilitaria: moveis, cadeiras, vasos, edificios, ... Eu aprecio muito esses estilos onde a arte se integra ao cotidiano e eh um modo de repensar o que fazemos todo o dia. Achei inclusive o site da exposicao.