quarta-feira, 11 de março de 2009

Um post frívolo


Descobri um pouco sem querer que os sabores de "Orchard Peach" e "Chocolate Peanut Butter" são uma excelente combinação - enquanto um é bem doce, outro é bem azedo - ambos muito bons, no entanto, e um ajuda bastante a quebrar o sabor do outro. De fato, essa coisa de garantir diversidade no que você come ou faz é uma questão interessante. Sei, por exemplo, que as lojas de perfume mantém grãos de café para que as pessoas cheirem entre um perfume e outro. Desse modo elas não ficam influenciadas por um cheiro quando vão sentir o próximo. O café funciona bem com o perfume nesse sentido. Acho que as pessoas que degustam vinhos fazem algo semelhante, embora eu não saiba bem o quê. De fato, algo nesse sentido é necessário.

Outra coisa que isso me lembra são os meus tempos de IME+IMPA. Enquanto tinha várias coisas técnicas de engenharia para estudar pro IME, haviam várias outras coisas bem matemáticas e formais para o IMPA. E lembro que funcionavam muito bem juntas. Dessa forma eu não me cansava de nenhum dos modelos... Se eu pensava: quanta teoria, eu quero alguma aplicação... era só mudar e ir estudar pras matérias do IME e quando eu pensava: que coisas bagunçadas e pouco formais, eu quero algo mais bonito e fechadinho... eu ia estudar matemática.

Aliás, isso me lembra um pouco de uma conversa que eu estava tendo agora a pouco: quando você é da graduação, ou até do mestrado, vc lê quase que somente livros (a maioria já sobre teorias comprovadas e bem arrumadas) e todas as coisas fazem todo o sentido. No doutorado, grande parte das suas leituras são de papers que foram publicados nos últimos 5 anos. Você passa grande parte do tempo estudando sobre coisas que ainda estão por fazer e que ainda contém vários furos e coisas mal explicadas. No entanto ainda existem muitos resultados clássicos por serem aprendidos. Existem muitas teorias bonitas e fechadas por aí que não sabemos. Qual então é o balanço entre ficar lendo coisas clássicas e bons resultados e ficar lendo resultados novos e cheios de furos e coisas em aberto? Enquanto o primeiro te ensina técnicas e mostra casos bem sucedidos, os segundos te dão idéias de direções de pesquisa e coisas que podem ser feitas. As duas coisas são muito importantes. Mas quanto é necessário e suficiente de cada um? Eu ainda não tenho uma resposta pra essa pergunta, mas ando conversando com várias pessoas sobre isso e descobrindo que ninguém tem uma resposta clara para isso também.

Uma ultima observação gastronômica: às vezes duas coisas vão muito bem uma com a outra e às vezes uma coisa totalmente engole a outra e não deixa você perceber o sabor das demais (ketchup é o exemplo mais clássico disso). Como todas as coisas na vida isso não é bom ou mal - mas sim pode ser usado para o bem ou para o mal. Vivendo sozinho aqui em Ithaca, eu acabo me aventurando na cozinha de noite e tem uma técnica ótima para me virar caso as coisas não dêem muito certo: simplesmente tenho uma quantidade suficiente de queijo gorgonzola (ou outro queijo de sabor forte) na minha geladeira. No pior caso, meu jantar tem gosto de queijo.

Um comentário:

Unknown disse...

Sensacional essa estratégia do queijo gorgonzola!!! hahaha