terça-feira, 15 de junho de 2010

Mil Tsurus, Bangkok, Caixa Preta

Li livros muito bons recentemente e acho que merecem um comentario:
  • Mil Tsurus foi o primeiro livro que eu li do premio Nobel japones Yusunari Kawabata. Ele tem um texto eleganta, trabalhado como um vaso oriental. Alias, os vasos e utensilios de cha ocupam o lugar principal nesse livro. Tudo o amor, traicao, intriga, ... acontece via os utensilios, chawans e vasos. Os personagens sao quase que desculpas para exibir as belas pecas durante a cerimonia do cha. Por um lado eh uma historia que transpira tradicionalismo e respeito as tradicoes milenares do cha, por outro lado eh um romance altamente sexual - mas com uma sensualidade elegante e oriental. Resumindo a historia (ou seja contando o que voce pode ler na orelha do livro) e correndo o risco de simplificar demais e contar coisas erradas, o plot eh o seguinte: um homem se encontra numa cerimonia do cha onde ele encontra duas ex-amantes de seu pai, jah falecido. As duas buscam seduzir o rapaz e ao mesmo tempo fazer com que ele se case com suas filhas/protegidas. O que tem tudo pra se transformar num enredo de filme de terceira, nas maos de Kawabata, vira um romance elegante. Um link para o livro.
  • Bangkok 8: eu gosto muito de thrillers bons, mas nao eh facil encontra-los, entao eh bom eu falar quando eu acho um excelente. Bangkok eh um desses romances que quando vc chega na metade voce fica acordado a noite inteira lendo ateh chegar no final. Eh um romance sujo, violento e chocante em varios pontos - mas dificil de parar de ler. Um otimo misterio, costurado num lugar exotico como a Tailandia e temperado com monges budistas, policiais corruptos, arte Khmer, ... Um link pra ele.
  • A Caixa Preta: ontem eu terminei de ler A Caixa Preta e eh uma bela historia. O autor - Amos Oz - eh um dos principais escritores israelenses atuais. Nao eh um livro alegre: o livro eh uma colecao de cartas entre os personagens, mas basicamente entre os dois personagens analisando o seu casamento desfeito: ela ainda em Israel e ele nos EUA. Eu fiquei mais curioso para ler ele para entender mais sobre Israel. Os personagens principais e outros que tambem escrevem cartas exemplificam diferentes formas de pensamento politico dentro do pais. O personagem principal, em particular, eh um academico nos EUA que estuda diferentes formas de fanatismo.

Eu vi Awakenings. Eh um filme de 1990 baseado no livro homonimo do Oliver Sacks. Eh baseado no caso mais famoso do proprio Sacks e na sua experiencia pessoal de assumir um posto de neurologista em um hospital depois de anos fazendo pesquisa e nao tendo contatos com pacientes. Aplicando os metodos cientificos que ele estava acostumado no tratamento dos seus pacientes ele consegue "acordar" pacientes que estavam em estado catatonico a 20 anos. Eh uma historia muito bonita e o filme que mais me emocionou em bastante tempo (desde Temple Grandin, do qual eu falei aqui no blog a algum tempo atras). Recomendo fortemente, principalmente pra quem compartilha meu interesse por neurologia. (Wikipedia entry for Awakenings).

Ainda na minha sequencia de recomendacoes, a Jorge Zahar publicou a algum tempo atras uma serie de comic books de Em Busca do Tempo Perdido (link aqui para o primeiro volume: O caminho de Swann - Combray). Eu li os tres primeiros livros, que correspondem aos dois primeiros volumes do romance de Proust. Eu gostei muito dos quadrinhos - que sao uma versao (bastante) resumida do livro. Eh dificil nao se identificar com os personagens. Comprei os dois primeiros volumes do original: Swann's Way e In The Shadow of the Girls in Flower. Vejamos agora se eu consigo chegar ateh o final.

Falando em quadrinhos, recentemente eu achei alguns quadrinhos do Tintin que eu li quando crianca e de fato o Tintin modelou em algum sentido minha visao de mundo. A minha visao do homem bem sucedido era daquele belga que viajava pelo mundo, da Africa a China, das profundezas do oceano ateh a lua. Num dos meus livros preferidos ele investigava a morte de varios arqueologos e ia a America Latina em busca de uma mumia inca perdida, em outro ele achava tesouros em um navio naufragado. E no meio disso tudo ele era a pessoa que cientistas famosos recorriam quando tinham um problema, era amigo de cantoras famosas de opera, de marajas e executivos importantes ao mesmo tempo que confrontava ditadores em paises ficticios da Europa Oriental. De uma forma ou de outra eu devo ao Herge um pouco das minhas metricas de sucesso - ainda que o Tintin tenha setado elas um pouco altas demais. Continuando no mesmo assunto mais mudando de assunto, eu recentemente comprei um poster para que o meu novo quarto em Cambridge pareca um pouco menos business e mais um quarto de um academico. O poster eh a capa do Le Lotus Bleu:

Um comentário:

Anônimo disse...

mto cool

Guilherme Pinto